domingo, 28 de fevereiro de 2010

Fantasporto: Dia 2 (27/02/10)


The Descent: Part 2, de Jon Harris

Sequela do filme de culto de Neil Marshall, A Descida (2005), não esperado com expectativa mas mais com curiosidade. De facto há uma dificuldade de entender o porquê de continuarem estas produções de sequelas de filmes de terror à direct-to-video. Sim, porque Descent II é mesmo muito mau, fraco, risório (e não no bom sentido) e não é mais do mesmo porque o primeiro é de facto um bom filme. Descent II é um filme que não respira, não têm tensão é em demasia colado ao primeiro e apesar da cinematografia ser idêntica ao primeiro falta-lhe o (super) factor 'claustrofobia' muito bem filmado por Neil Marshall, é assim mais uma sequela de terror simplesmente para esquecer...
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First Squad, de Yoshiharu Ashino

Uma boa surpresa esta produção animé em colaboração conjunta entre o Japão e a Rússia, aliás First Squad foi nestes dois dias um dos melhores vistos no festival, mas isso o festival ainda agora começou... Passado nos inícios da 2ª Guerra Mundial, o filme retrata um grupo de operações especiais soviético de uns jovem com habilidades especiais, treinados para combaterem os exércitos alemães mas que mais tarde têm que impedir o 'Momento da Verdade', um ponto importante na história relatada, onde um grupo de generais nazis tentam acordar do mundo dos mortos um exército de cruzados do séc 12. First Squad cruza a ficção, que atravessa a barreira do sobrenatural com elementos épicos, com uns relatos que simula a veridicidade de veteranos e historiadores para dar um toque mais real ao animé, que não foge à sua estética visual. Só peca mesmo por ser pequeno demais, 75 min. Recomendado!

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La Horde, de Yannick Dahan e Benjamin Rocher

Para quem esperar mais um filme de terror françês, que está numa fase muito boa, enganem-se completamente porque La Horde é um filme explosivo, muito mais virado para a acção. Basicamente é entre uma guerra entre dois gangs de gangsters, que num ajustar de contas vêem-se ambos 'presos' num prédio no mesmo momento em que há uma epidemia de zombies (Assalto ao Arranha Céus com zombies?!). Muita acção, risos, e muito gore é a receita de La Horde. E pouco mais há que dizer, num daqueles filmes que é 'tipicamente' do Fantasporto.
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Thirst, de Chan-wook Park

Não existem dúvidas do peso do nome do realizador, mas Chan-wook Park parece-me um bocado perdido. Depois de I'm a Cyborg but That's Ok, e após a expectativa e hype em redor deste Thirst, não existem mesmo palavras fáceis de descrever o filme, que têm por vezes tanto de bom e belo como de absurdo e patético. A questão primordial para mim é que estou a falar do mesmo realizador que nos trouxe a extraordinário trilogia 'Vingança', e não existem dúvidas aqui da extrema realização apresentada por Chan-wook Park em Thirst, mas se calhar seja eu que estava à espera de uma visão diferente do temática de vampiros do que vi ontem à noite no Rivoli. O que de facto é, disso não há dúvidas, estamos a falar num filme dentro do género de vampiros nunca antes visto mas muito... Bem falta-me a palavra e não existem palavras meigas para expressar o filme, sinceramente para mim, Thirst é um filme para esquecer... O que é pena...

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Fantasporto: Dia 1 (26/02/10)

(escrito para o site Ante-Cinema)

O Fantasporto 2010 arrancou oficialmente ontem à noite para duas sessões esgotadas no grande auditório do Rivoli de Solomon Kane (trailer já a seguir). O 'Fantas' está aí...



Solomon Kane, de Michael J. Bassett

Adaptação em filme da personagem criada pelo 'pai' do género 'Sword and Sorcery' Robert E. Howard, o mesmo autor de Conan, Soloman Kane é uma produção europeia (França, Rep. Checa e Inglaterra) de Samuel Hadida e realizada por Michael J. Bassett que estavam previstos apresentar o filme ontem na sessão oficial de abertura, mas segundo a organização 'perderam-se num jantar'. A conferência de imprensa com os dois está marcada para hoje ao meio-dia no Rivoli.

Ao lembrar-nos de Conan, lembramo-nos também que este género particular de fantasia anda um bocado esquecido no cinema, mesmo com este Solomon Kane a ser previsto o primeiro capitulo de uma trilogia sobre a personagem.

Solomon Kane é mais que um típico blockbuster, é mais 'adulto' com fantásticas e sangrentas sequências de batalha, no entanto após um excelente inicio, o filme começa-se e infelizmente a perder-se a partir do seu meio. Os clichés parecem vir do nada e uns a seguir aos outros. A sua previsibilidade estraga bastante aquela primeira sensação que tinha transmitido até à sua metade, perdendo um bocado o interesse. Apesar de tudo, Solomon Kane não é um mau filme, têm uma fabulosa fotografia num misto que faz lembrar Senhor dos Anéis com Conan devido aos seus elementos de bruxaria, uma luta eterna entre o bem e o mal, ou entre o céu e o inferno.

Solomon Kane era um mercenário que renunciou à violência após um encontro com um ceifeiro da morte que lhe vinha cobrar a alma. Após de ter escapado Solomon refugia-se anos num templo de monges em Inglaterra. Mas quando chega a sua vez de partir, o reinado de terror do feiticeiro Malachi na sua terra natal dar-lhe-á de bom grado a vontade de 'voltar a matar e não se importar que a sua alma vá para o inferno'.

Solomon Kane têm a sua estreia nacional pelas restantes salas nacionais a 18 de Março, distribuído pela Zon Lusomundo.
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Colin, de Marc Price

Colin vai ser uma das poucas presenças do Ante-Cinema no pequeno auditório. O infame filme sensação britânico de pouco orçamento que custou apenas (segundo dizem) 45 libras(!) foi filmado com os colegas do realizador com uma mini-dv e editado usando o Adobe Premier. O resto a internet fez o seu papel no que toca à sua promoção, criando assim o 'hype'. Colin teve a sua estreia no festival de Cannes em Junho de 2009, teve lançamento limitado em algumas salas do Reino Unido, e terá lançamento em DVD.

Colin, dito por Marc Price, tem a particularidade de ser o primeiro filme do género a ser visto do ponto de vista dos zombies. Sinceramente, e como um fã da temática, Colin não é de facto um filme para todos, não pelo gore (muito bem conseguido aliás), mas porque é de facto um filme muito, muito amador. Onde a ideia da história até é bem concebida (não me surpreenderia que algum estúdio independente britânico financiasse a produção de um filme ao realizador) mas existem cenas, principalmente as de acção, que de facto estão extremamente mal filmadas.

Enfim, é um filme muito difícil de dar uma opinião concreta, que fica com a balança equilibrada pelos seus prós e pelos seus contras. Há-que destacar o empenho e dedicação de Marc Price ao filme, porque a convicção, a ideia está de facto toda lá, assim como a homenagem a George Romero (The Dead Walk em letras grandes numa página do jornal). Apesar da indecisão, aqui fica aqui na mesma a sugestão, nem que seja para saciar a curiosidade, para os fãs do género para ver Colin.

Para o dia de hoje, Sábado, está previsto à equipa do Ante-Cinema ver quatro filmes (Thirst incluído). O balanço do segundo dia amanhã no site.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Fantasporto arranca hoje com a semana das retrospectivas

O período 'Pre-Fantas' arranca hoje à noite com duplas sessões diárias de retrospectivas em ambos os auditórios do Rivoli. Em destaque estarão os filmes vencedores de edições anteriores e a mini-série Robocop: Prime Directives que se prolonga até quinta-feira, esta última dedicada à temática deste ano, A Robótica no Cinema.

Hoje no grande auditório vai ser exibida a dupla Re-Animator (1985), de Stuart Gordon baseado num conto de Lovecraft, e Braindead (1992) de Peter Jackson, um já 'clássico do fantas'. No pequeno auditório, Robocop: Prime Directives 1 e Idiots and Angels, a animação vencedora do ano passado, realizada por Bill Plympton.

Aqui fica o resto da agenda para esta semana:

Segunda, dia 22
Grande Auditório: Re-Animator e Braindead
Pequeno Auditório: Robocop: Prime Directives 1 e Idiots and Angels

Terça, dia 23
Grande Auditorio: Tetsuo 2 e Cronos
Pequeno Auditório: Robocop: Prime Directives 2 e Frostbiten

Quarta, dia 24
Grande Auditório: Tecknolust e A Tale of Two Sisters
Pequeno Auditorio: Robocop: Prime Directives 3 e Le Dernier Combat


Quinta, dia 25
Grande Auditório: Wonderful Days e Fausto 5.0
Pequeno Auditório: Robocop: Prime Directives 4 e A Chinese Ghost Story

A programação poderá sempre sofrer alterações de ultima hora, consulte sempre o horário e a programação no site oficial.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

'The Wolfman - O Lobisomem' - O regresso do terror gótico e clássico

Nova versão com produção um pouco atribulada do clássico da Universal datada de 1941, desta vez realizado por Joe Johnston, que substituiu Mark Romanek devido a diferenças criativas com os estúdios. The Wolfman, O Lobisomem em português, tem Benicio del Toro no papel principal que também co-produziu o projecto e que se inspirou na interpretação de Lon Chaney Jr. no filme original e em A Maldição do Lobisomem, a adaptação dos estúdios Hammer. Assim, à partida não fica nada mal referir que dificilmente haveria outro actor mais indicado (e não só fisicamente) para o papel de Lawrence Talbot e do Lobisomem, aqui excelentemente caracterizado pelo mestre Rick Baker. Anthony Hopkins, Emily Blunt e Hugo Weaving completam o resto do quarteto principal num elenco forte e certo nas suas interpretações, que é sempre um grande passo para qualquer filme, mas um passo ainda maior num drama de terror, isto é, personagens genuínas, convictas, e onde parte da obra é dedicada a prestar a devida atenção às mesmas. O argumento é assinado por Andrew Kevin Walker (argumentista de Se7en, 8mm e Sleepy Hollow).

Apesar de ser inegável a legacia existente por esta personagem já mítica do Lobisomem, ou o Homem-Lobo como ficou conhecido pelo seu filme original, tanto no cinema, na literatura, como na música, parece que a sua verdadeira origem tem sido simplesmente esquecida no cinema, onde as suas aparências e/ou referências têm sido limitadas e contornadas em géneros como em Van Helsing, aos seus ‘descendentes’ em Underworld, e aos ‘teen-wolfs’ da saga Crepúsculo. E, já agora, onde actualmente a moda dos vampiros predomina, The Wolfman é uma lufada de ar fresco no género fantástico.

Do melhor e para o pior, dos monstros clássicos da Universal já tivemos as recentes versões de Dracula: de Bram Stoker, Frankenstein, a trilogia da Múmia, passando por Van Helsing, este último com todas as figuras num só filme, tal como uma parada de monstros. É neste ponto que é importante parar e pensar um bocado, e de dar o exemplo do que seria deste The Wolfman com um realizador do género de Stephen Sommers (Múmia e Van Helsing respectivamente) como mentor desta produção? Certamente mais um projecto risório e de um esforço inútil no que toca à mitologia da personagem. Se podia agradar a outro género de audiências? Isso já era outra história. A título de curiosidade, depois deste The Wolfman, já se ouve falar em novas possíveis adaptações de Frankenstein, O Homem Invisível e de O Monstro da Lagoa Negra, para completar o leque dos ‘monstros da Universal Pictures’.

Lawrence Talbot (Benicio del Toro) é um famoso actor de teatro, que após décadas passadas na América, regressa à sua terra natal em Londres após de ter recebido uma carta da sua cunhada (Emily Blunt) a anunciar o desaparecimento do seu irmão. Talbot regressa assim a Blackmoor para saber pelo seu próprio pai (Anthony Hopkins) que o seu irmão foi brutalmente assassinado por o que se acredita ser um homem-lobo segundo superstições locais. Talbot, durante a sua investigação para encontrar o assassino do seu irmão num campo de ciganos, têm um encontro com a tal criatura mas por sorte do destino (ou não) sobrevive ao ataque, para mais tarde descobrir que iria sofrer um destino pior que a morte. A juntar à acção da narrativa temos um sempre carismático Hugo Weaving como um detective de Scotland Yard que se encontra a investigar estes misteriosos crimes, mentalizado que seja um serial-killer com uma doença mental, ao invés de acreditar no folclore sobrenatural local. As suas suspeitas recaem sobre Lawrence Talbot, devido ao seu passado.

A história já é bem conhecida, e apesar deste The Wolfman divergir um pouco do original, é completamente fiel ao seu ambiente e atmosfera. É, portanto, um conceito de trama simples tal como é suposto ser, e apesar de não ser um remake praticamente fiel ao original (e sem o comic relief), quem o espera que seja meramente uma cópia sairá bastante surpreendido. Este The Wolfman parece um filme completamente novo, ao contrário de muitos outros casos, isto porque a história é fiel mas foi aperfeiçoada, moldada, com ligeiras diferenças para um resultado mais dark no grande ecrã, incluindo um twist – ainda que previsível – mas muito bem pensado. Algumas diferenças são totalmente justificadas para a narrativa do filme, tal como o próprio motivo, no início, do regresso de Lawrence Talbot à sua casa em Blackmoor. E a mais visível é sem dúvidas a personagem do pai, aqui muito mais antipática, fria e distante, e interpretada magnificamente por Anthony Hopkins, onde até a própria relação entre os dois são completamente distintas.

O melhor é que The Wolfman é bastante influenciado pelo modelo mais clássico e dramático de um género de cinema que parece por vezes muito esquecido actualmente, principalmente nas mais recentes produções de terror onde a sua intenção é de apenas facturar milhões numa fórmula sobre-carregada por remakes, re-boots e sequelas, onde de facto este filme também se engloba mas que nos deixa a pensar porque é que demorou tanto tempo? The Wolfman pode ser considerado como uma mistura do terror clássico com gore actual e consegue surpreender bastante pela positiva, pela sua frescura que sabe a ‘velho’ e que de certo irá agradar a todos os fãs de um género mais clássico e dramático.

As cenas de acção e terror são bastante excitantes e muito tensas, com uma atmosfera gótica a ajudar ao ambiente. A época retratada é combinada com uma fotografia lindíssima e super envolvente num retrato magistral. Desde a escura floresta de nevoeiros densos à calma e desconfiança de uma Londres Vitoriana, tudo isto é grandioso e magnifico na tela. Pode-se dizer que a nível técnico, e com um CGI muito bem aplicado (principalmente nas transformações), o filme é visualmente uma pérola, nunca exagerado e extremamente bem conseguido.

A banda sonora é assinada por Danny Elfman, entre muitas outras obras sobressai logo o seu trabalho nos filmes de Tim Burton. Elfman esteve também em vias de ser substituído, mas podemos dar sinceras graças por isso não ter acontecido, já que a música é outra das peças fortes do filme, que cirurgicamente transporta a narrativa no seu todo.

The Wolfman é no fim um filme sobre o destino, onde a personagem principal sofre por se tornar involuntariamente em mostro (um anti-monstro), mas mais do que isso, tal como A Bela e o Monstro, cita também um amor impossível e trágico, e Emily Blunt é aqui crucial como personagem e interpreta muito mais do que aquele simples e habitual interesse amoroso quase sem finalidade.

Pode-se muito bem dizer que esta nova versão de O Lobisomem está para o cinema como o Dracula: de Bram Stocker, de Francis Ford Coppola, esteve na altura (e ainda continua a estar). E apesar de The Wolfman ter dividido bastaste a crítica, fica aqui a minha aposta e a forte recomendação para este filme, numa ressurreição de um terror mais clássico e que irá certamente crescer ao longo dos anos.

"Even a man who is pure in heart and says his prayers by night,
may become a wolf when the wolfbane blooms and the autumn moon is bright..."

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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Fantasporto celebra os seus 30 anos com faltas de apoio...

As queixas já não são de agora mas este ano serão mais 'visíveis', não em qualidade de cartaz mas com menos convidados do que o habitual e sem a habitual tenda do cinema que costumava enfeitar a a Praça D. João I. Portanto, será no Teatro do Rivoli todas as actividades à excepção do já mítico Baile dos Vampiros, esse a continuar no Teatro Sá da Bandeira. A direcção do festival não poupou criticas ao governo ontem em conferencia de imprensa, mas garante no entanto que o festival vai se manter no Porto até que o publico o queira desta forma, combatendo assim a regionalização.

"Não vamos ter o habitual numero de estrelas como convidados, devido aos apoios, mas teremos a maioria dos realizadores dos filmes em competição" adiantou Beatriz Pereira.

O Fantasporto arranca já próxima segunda-feira, dia 22 de Fevereiro, com a semana de retrospectivas. Para abrir o 'apetite' nada mais do que uma sessão dupla na primeira noite a abrir com Re-Animator (1985), de Stuart Gordon baseado num conto de H.P. Lovecraft, e Braindead - Morte Cerebral (1992), este último um filme já de culto do festival, realizado por nada mais do que Peter Jackson.

A secção oficial de competição do festival essa decorre entre 26 de Fevereiro a 6 de Março no Teatro Rivoli, e na sua sessão oficial de abertura, marcada para o dia 26 de Fevereiro, vai ser projectado Solomon Kane, uma produção de Samuel Hadida (um dos homenageados do festival) realizada por Michael J. Basset (ambos confirmados com a sua presença). Para a sessão de encerramento e entrega dos prémios, no dia 6 de Março, as honras do fecho do certame vai caber a The Crazies, o remake do clássico de George Romero por Breck Eisner, com a dupla Timothy Olyphant e Radha Mitchell.

Desde Dezembro até ao momento, que várias alterações foram efectuadas ao cartaz (ainda que dito de provisório na altura), sendo a mais notável foi a saída de Splice, de Vincenzo Natali previamente anunciado e um dos nomes fortes do cartaz. Em contra-partida, foram entretanto anunciadas as ante-estreias de The Book of Eli e de La Horde, este último em competição. A ausência de Splice deve-se muito simplesmente a 'exigências por parte da distribuidora impraticáveis pela organização do Fantas' onde teriam de revistar o publico e impedir a entrada na sala de telemóveis e outros objectos que pudessem por em risco a sessão do filme, controlando a pirataria. Mário Dorminsky até mandou a piada de que 'o filme já se encontra disponivel para quem tiver acesso'.

A programação do festival já se encontra disponivel no site oficial nos seguintes links:
Filmes em cartaz
Programação do Grande Auditório
Programação do Pequeno Auditório

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Emily Browning será a ‘Bela Adormecida’…

Não, isto não é o conto de fadas da Walt Disney. A jovem actriz Emily Browning (Lemony Snicket’s – Uma Série de Desgraças; Os Indesejados) irá interpretar a personagem principal em Sleeping Beauty, um twist adulto do famoso conto de fadas onde uma jovem estudante se envolve no mundo de prostituição e drogas. O filme independente vai ser a estreia da realizadora australiana Julia Leigh, que também assina o argumento, e promete ser obscuro e controverso.


Emily Browning substitui assim Mia Wasikowska, que era inicialmente a prevista para o papel principal. Mia Wasikowska poderá ser vista muito brevemente no novo filme de Tim Burton, a adaptação (esta sim da Disney) de Alice no País das Maravilhas, a estrear dia 4 de Março em Portugal.

Sleeping Beauty começa as filmagens dentro dos próximos meses na Austrália.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

'Nowhere Boy' trailer...

Da música dos Beatles "Nowhere Man", onde o filme foi buscar a referência, Nowhere Boy tal como o seu título indica é uma produção britânica sobre a infância e juventude de John Lennon, aqui interpretado por Aaron Johnson.

Escrito por nada menos do que Matt Greenhalgh, de Control (do biopic de Ian Curtis), e realizado pelo fotógrafo Sam Taylor Wood, que tem aqui a sua estreia como realizador, o filme é baseado no livro biográfico “Imagine This: Growing Up With My Brother John Lennon”, escrito por Julia Baird, a meia-irmã de Lennon. Nowhere Boy é também maioritariamente um retrato da sua relação com a sua tia Mimi (Kristin Scott Thomas), a sua mãe Julia (Anne-Marie Duff) e o início da sua amizade com Paul McCartney (interpretado pelo jovem Thomas Sangster). Um refúgio da adolescência na música, que irá dar origem aos The Beatles.

A banda sonora, apesar de ter alguns temas incluídos do mítico quarteto de Liverpool, é assinada pelo duo britânico Goldfrapp.

Nowhere Boy teve a sua estreia mundial no London Film Festival em Outubro passado, e passou recentemente pelo Festival de Sundance. Está previsto a chegada às nossas salas no dia 2 de Março de 2010.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

'Whatever Works' - Critica

Mais um ano cinematográfico, mais um novo filme de Woody Allen. Tem sido assim já há algum tempo. Em Portugal sempre com uns meses de atraso em relação à estreia Americana, mas sempre no início de cada ano. A sua nova comédia, Tudo Pode dar Certo, ou Whatever Works no original, conta no seu elenco com Larry David, Evan Rachel Wood, Patricia Clarkson, Ed Begley, Jr., Michael McKean e Henry Cavill.

Woody Allen é inegavelmente um grande cineasta, mas em contra-partida, infelizmente por cada Hollywood Ending, Melinda e Melinda, Match Point e O Sonho de Cassandra que nos apresentou na década passada, tivemos um Anything Else – A Vida e Tudo Mais, um Scoop ou um Vicky Christina Barcelona pelo meio (não que sejam maus filmes, mas bastante inferiores). Depois de cinco anos a filmar na Europa (Inglaterra e Espanha) Allen regressa assim a Nova Iorque, à sua zona de conforto e ao seu humor Nova-Iorquino. Este Whatever Works não será apontado para o mesmo nível das suas mais recentes obras primas, mas também não será detestado. Ao contrário de Scoop, por exemplo, esta já é uma aproximação da típica comédia de Woody Allen, ou digamos mais ‘vintage’, e a melhor comédia do realizador desde Hollywood Ending.

Sempre melhor realizador do que actor, já que o seu registo de interpretação é sempre o mesmo, neste Whatever Works Woody Allen não é protagonista, mas tem aqui Larry David (também Nova-Iorquino de nascença) no papel principal de Boris por sua vez. Isto porque Larry David faz precisamente o papel que Woody Allen poderia fazer, com novidade e frescura, já que as personagens que interpreta parecem praticamente as mesmas de filme a filme. Pode-se dizer que Larry David interpreta o alter-ego de Woody Allen.

Só um apontamento interessante, depois de um pequeno prólogo, a personagem principal de Boris quebra a ‘quarta parede’ (faz isso muitas vezes durante o filme) e fala directamente para a audiência a alertar-nos que este não será um ‘feel-good movie’, mas muito propositadamente não podia estar mais enganado! Whatever Works é um filme bem simpático e hilariante, e que mostra que Woody Allen, apesar de ainda não estar no seu melhor nível em relação à comédia, está certamente em boa forma.

Larry David interpreta então Boris, um génio egocêntrico e quase nomeado para um prémio Nobel em física. Mas Boris é um ser humano desprezível e com muito mau temperamento. É pessimista, frio, arrogante, e que insulta as crianças a que ensina xadrez de incompetentes, tudo isto a juntar a um desejo de morte, mas tudo ao bom nível cómico. Até que a sua vida muda por completo quando à porta de sua casa encontra uma sem abrigo que fugiu de sua casa em Mississipi. Ela é Melody, interpretada por Evan Rachel Wood, onde Boris a alimenta e deixa-a ficar alojada uns dias em sua casa e que mais tarde aproveita para mostrar-lhe Nova Iorque. Com o passar do tempo Boris tenta manter desta forma a sua vida balançada, onde assim fica menos tentado em acabar com ela e sem medo que acabe. Sem, claro, contar ou adivinhar com as peripécias que irão surgir.

A juventude, principalmente feminina, já é uma constante na obra de Woody Allen, e até a pouco que Scarlett Johansson foi considerada pelo próprio como a sua musa. O realizador parece sentir essa necessidade de conviver com pessoas mais jovens, e o seu trabalho mostra o quanto jovem e liberal ainda o é em espírito. Larry David retrata aqui o Woody Allen do outro lado do espelho, que nos faz lembrar com muito agrado de Manhattan. Ou não fosse o guião, assinado pelo próprio, re-escrito de um outro deixado para trás nos anos 70 (escrito para Zero Mostel que faleceu em 1977), mas adaptado para os dias da América de hoje. Com isto em mente, convém pensar um pouco porque é que os filmes do realizador não ‘envelhecem’, quando as únicas mudanças que fez no argumento foram as referências políticas e algumas sociais.

Whatever Works não é certamente nenhuma obra-prima de Woody Allen, mas nota-se claramente que a intenção nem sequer era essa. Quando a sua fórmula de comédia mantém-se, com os seus longos diálogos e ‘gags’ simplesmente deliciosas que serve perfeitamente para sustentar o filme na sua integra, certamente que os seus fãs não sairão desiludidos em ver esta sua nova obra. É uma comédia de um Woody Allen em boa forma. Como Boris diz: “Whatever Works…”.


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