segunda-feira, 27 de julho de 2009

Review: Transsiberian (Transiberiano)

Brad Anderson, o realizador que nos trouxe em 2004 o thriller psicológico 'O Maquinista' com Christian Bale e Jennifer Jason Leigh, traz-nos de novo mais um grande thriller sombrio: Transsiberian. É raro um realizador conseguir mudar drasticamente de estilo (o que não é o caso) e conseguir manter a qualidade, isto só para dizer que também há um certo conforto ao manter o seu estilo próprio, que até mais tarde pode até ser referido como uma marca do realizador. Apesar de Brad Anderson já ter mostrado que consegue fazer outras coisas tal como os romances 'Next Stop Wonderland' e 'Happy Accidents', ou mesmo thrillers com elementos de terror em 'Session 9' ou nos episódios realizados para as antologias 'Masters of Horror' e 'Fear Itself', parece que o realizador se sente muito mais confortável e confiante neste género particular de thrillers.

Desta vez a trama desenvolve-se no expresso transiberiano (o filme Horror Express de 1972 com Christopher Lee e Peter Cushing passa-se no mesmo comboio), durante a viagem de Pequim para Moscovo onde seguimos o casal principal interpretados por Woody Harrelson e Emily Mortimer - Mortimer que têm aqui uma fabulosa performance - onde se vêem envolvidos numa trama de conspiração e falsa acusação a partir do momento que conhecem um outro casal, Abby (Kate Mara) e Carlos (Eduardo Noriega), que rapidamente descobrem que não são o que aparentam... Ben Kingsley também têm aqui um pequeno e fabuloso papel como um agente da KGB.

Os comboios são ambientes bastantes tensos, quase claustrofóbicos, e são fantásticos locais para criar e manter o suspense tal como Alfred Hitchcock nos mostrou por três vezes em 'The Lady Vanishes', 'Strangers on a Train' e 'North by Northwest'. Basicamente, é fácil de dizer que Transsiberian também é um filme muito Hitchcock, não só pela trama se passar num comboio, mas pelo desenrolar da narrativa e também pelo factor do 'culpado inocente envolvido numa trama de espionagem' tão bem presente em muitas das obras de Hitchcock. Mas o termo 'à Hitchcock' é mais usado pela particular forma de manter o suspense e o mistério, no que mostrar e no que deixar à imaginação. Não é novidade que Hitchcock é um dos realizadores que mais influenciaram a sétima arte, e foram muitos os realizadores que se inspiraram nas técnicas do Mestre ao longos dos anos: Steven Spielberg, Martin Scorsese, Brian de Palma, Francis Ford Coppola, David Lynch, Jonathan Demme, M. Night Shyamalan entre outros... Só para dar alguns exemplos.

Tal como Brad Anderson nos mostrou com o seu antecessor, este é também um excitante e tenso thriller. E mesmo apesar de se tornar por vezes um cliché - transpondo a fina linha entre a originalidade e a imitação - o filme oferece um pouco de tudo o que é necessário para ser eficaz: uma boa história de suspense e mistério, boas interpretações e caracterização das personagens numa trama complexa, e uma confiante realização numa fotografia fabulosa que ajuda muito o ambiente do filme. Fica-se arrepiado com a isolada e gelada paisagem e também agarrados com o lento desenrolar da narrativa tensa e imprevisível que parece construída degrau por degrau, com pistas falsas e alguns twists inesperados. Brad Anderson prova-nos mais uma vez que sabe como criar suspense e este Transiberiano é um filme que se recomenda.

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