quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Paranormal Activity - Crítica

O filme sensação do ano nos Estados Unidos da América chegou esta quinta-feira às nossas salas. Actividade Paranormal teve uma inteligente e invulgar campanha de marketing, onde o produto fez valer por si e a audiência ajudou a espalhar a palavra e exigiram o filme nos cinemas das suas cidades. Conseguiu ainda ultrapassar a barreira dos 100 milhões de dólares no box-office, e isto só nos Estados Unidos.

Um dos problemas do filme começa precisamente por aqui, isto derivado por uma estratégia de marketing que o conseguiu ‘vender’ exageradamente bem e que levou a nada mais do que fortes expectativas criadas em redor do mesmo. Porque apesar de até ser um bom filme, aproveitaram-se de referências que o levaram a ser considerado como ‘o mais assustador filme de sempre’ ou ‘o mais aterrador’. Afirmações essas que – apesar do estado de espírito de cada um – não pode estar mais longe da verdade. Se levam isto em conta então sairão desiludidos e até fraudulentos, já que estão a ‘comprar’ algo que não o é. Actividade Paranormal poderá até cativar a audiência mais generalizada, mas duvido que consiga surpreender os fãs mais fortes e habituais do género, deixando-os apenas com uma sensação de simpatia e conforto, ou de uma fidelidade ao bom velho ambiente do tema de ‘casas assombradas’, este cruzado com a manobra de misturar a ficção à realidade.

Realizado por Oren Peli e filmado na própria casa do realizador em 7 dias, o filme retrata na primeira pessoa o registo de actividade paranormal que tem assombrado ultimamente a casa de um jovem casal, Katie e Micah. Ela mais frágil e assustada, ele mais sério e céptico. Mais uma vez, a única pista deixada sobre os acontecimentos são as filmagens gravadas, o cliché bem ao género de um falso documentário à lá Blair Witch.

O filme tem também um grande problema de ritmo no ponto mais fulcral. A sua introdução é ideal para familiarizarmos com a história e criarmos empatia com o casal principal, mas a película sofre principalmente no que é melhor: nos momentos nocturnos, principalmente as filmadas no quarto do casal. Apesar de serem as melhores cenas do filme (com um excelente ângulo de enquadramento), teriam muito mais impacto se fossem mais extensas. No entanto, deixa a ansiedade no ar de quando acaba uma noite (vão aparecendo numeradas no ecrã juntamente com a hora) de querer assistir aos acontecimentos da próxima.

O fim de Actividade Paranormal é a chave do filme, e por aqueles breves segundos ficamos esclarecidos como surpreendidos. Este final presente nestas novas exibições foi editado, segundo dizem sugerido por Steven Spielberg. O final original, pelo que li, quando a longa metragem foi exibida em alguns festivais em 2007 tais como o Screamfest e o Slamdance, não me parece mais surpreendente apesar de se calhar fazer mais sentido. Pelo lado mau, neste final editado fica tudo em aberto… E já se houve falar de uma possível sequela.

Para terminar é importante voltar a referir o hype criado à volta deste filme, já que não se parece justificar. Mas sendo um produto americano – isto sem menosprezar a qualidade dos poucos mais ainda bons filmes americanos de terror – os apreciadores do género já estão habituados a outro tipo de terror, até mais tenso e variado (o cinema de terror Francês, Espanhol e Britânico são óptimos exemplos), do que o público americano parece neste caso sugerir? Comparações à parte, mas [REC] (2007) é um perfeito exemplo disso, e vê-se pelas ‘piscadelas de olho’ de vez em quando (o sótão, a arrastadela, o final e até o trailer que utilizou o mesmo conceito das reacções do público – propositadas ou não, elas estão lá). Em vez disso, os americanos têm o Quarantine (2008) e parecem satisfeitos com isso… São gostos de terror diferentes, e ‘o filme mais assustador de sempre’ é um lugar muito difícil de se chegar, e Actividade Paranormal nem sequer ao pódio se aproxima. Nota-se que houve aqui um óbvio exagero e claro aproveitamento da publicidade gratuita, mas este é o Blair Witch dos nossos dias e certamente vai abrir as portas a outro género de cinema a uma nova geração, tal como o Blair Witch fez nos finais dos anos 90.

Apesar das falhas, Actividade Paranormal é um filme interessante e acima de tudo é directo, simples, mas eficaz. É sem dúvida um filme inquietante para se ver, principalmente para quem gosta deste modelo de ‘falso documentário’ e do estilo da filmagem handycam (ou shakycam). Fica aqui a questão, será que o filme visto em casa enriquecerá a experiência? Quando sair o DVD comprovamos.

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