Critica: Heartless, de Philip Ridley
Heartless de Philip Ridley, o grande vencedor do Fantasporto 2010 em três categorias principais (Melhor Filme da Secção Fantastico, Melhor Realização e Melhor Actor) é sem dúvida um dos grandes exemplos actuais da definição de 'cinema fantástico'. Será realidade? Será alucinação? Heartless é tudo isto, centrado mais no drama humano e num romance contemporâneo, o filme junta dois elementos opostos que parecem de dois filmes completamente antónimos. Se por um lado temos o lado dramático e romântico encenado com sentimento e perfeição dentro de uma cinematografia urbana, do outro temos a tal parte 'fantástica' do surreal, neste caso demoníaca, numa sociedade (eu diria mundo) controlado pelo terror, e este muito sério e actual.
Sem querer estragar muito a narrativa, já que o prazer deste filme é mesmo descobri-lo lentamente e deixar-se levar, Heartless é no fundo, e no género fantasioso, a eterna luta entre o bem e o mal, ou mais a luta interior da personagem principal, protagonizada excelentemente por Jim Sturgess, que interpreta aqui Jaime, um jovem que nasceu com uma marca de nascença em forma de coração num dos lados da sua face, como tal e entre outros traumas familiares têm um grave problema de interacção com a sociedade. Jaime, logo no inicio do filme, tem dois encontros que marcam a personagem juntamente com a narrativa. O primeiro é quando num dos seus refúgios à fotografia captura numa das suas fotos um demónio, que mais tarde vai dar origem a um pacto à Fausto. A outra é quando conhece e apaixona-se por Tia (Clémence Poésy), são estes os dois pontos fulcrais que marcam o filme, e o seu ritmo. Heartless é de facto um bocado incoerente no ritmo da narrativa, mas neste caso, são como dois mundos distintos se unissem num só, cada um com o seu ritmo. E nisto o realizador britânico Philip Ridley consegue bem, muito também com a ajuda preciosa de, como já foi referido, Jim Sturgess.
Os fãs do cinema fantástico tem muito para se deliciar com este Heartless, que, visto agora, não surpreende ao ganhar a secção Fantástico, primeiro por prometer pouco, e depois após de ser exibido de ter aquela noção que este é um daqueles filmes típicos do Fantasporto.
2 comentários:
Filme sem sentido algum, só vale pelo Sturgess.
A narrativa é lenta e as vezes a torna monótona. O terror é bem simples. Mas a idéia por de trás é realmente bem interessante. A briga do bem e do mal de cada ser humano torna o filme mais real do que muitos outros.
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